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Textos e Contextos
do Orientalismo Português

Demétrio Cinatti (Lisboa, 1851 – Lisboa, 1921)

Demétrio Cinatti
© [1890?] Espólio Demétrio Cinatti. Biblioteca Universitária João Paulo II, Universidade Católica Portuguesa, http://www2.ucp.pt/site/custom/template/ ucptpl_srv.asp?sspageID=3608&lang=1.
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Oficial da Marinha Portuguesa e diplomata, Demétrio Cinatti iniciou carreira na Marinha, na qualidade de aspirante extraordinário, em 1868, chegando a Capitão-de-Fragata em 1888. Em 1878 foi nomeado Imediato da Polícia do Porto de Macau, passando a Capitão do Porto em 1880. Foi no exercício desta função que, no mesmo ano, fundou o Observatório Astronómico e realizou o primeiro levantamento da planta dessa cidade. No rescaldo destes trabalhos, foi eleito sócio correspondente da Sociedade de Geografia de Lisboa na sessão de 15 de maio de 1882, proposto por Luciano Cordeiro, Rodrigo Afonso Pequito (1849-1931) e José Bento Ferreira de Almeida (1847-1902). Passou a sócio ordinário em junho de 1885 e, de novo, a correspondente a 1 de outubro de 1890.

A partir de 1890, passou a dedicar-se à carreira diplomática. Neste âmbito, foi cônsul de Cantão, a partir de 1890, e também encarregado do consulado de Portugal em Tóquio, a partir de 1893. Foi durante este período que preparou dois textos para o X Congresso Internacional de Orientalistas, que iria decorrer em Lisboa em 1892, mas não chegou a tomar lugar. Estes textos consistem em traduções do Inglês de trabalhos de Daniel Jerome Macgowan (1815-1893), médico missionário norte-americano residente na China. Intitulam-se Autoplastia: transformação do homem em animal, estiolamento e atrophia humana, casos de teratologia (tradução de “The Artificial Making of Wild Men in China”, artigo publicado em The Celestial Empire) e O Homem como Medicamento: superstições medicas e religiosas que victimam o homem, affinidade destas crenças com as crises anti-europeias de 1891 (tradução de “Medical Superstitions an Incentive to Anti-Foreign Riots in China”, artigo publicado a 8 de julho de 1892 em North China Herald). Foram impressas com data de 1892 pela Imprensa Nacional, com a chancela da Sociedade de Geografia de Lisboa, no domínio da antropologia médica. Estas traduções consistem no único legado escrito que deixou publicado.

Posteriormente, Demétrio Cinatti foi também cônsul no Zanzibar (1894-1895) e, entre 1895 e 1902, cônsul e encarregado de negócios em Pretória. De regresso à Europa, foi ainda cônsul geral de Havre, de 1905 a 1911. Em 1909 foi nomeado para a Comissão de Delimitação do Território de Macau e suas dependências. Em 1911 foi colocado no consulado em Londres, aposentando-se em 1918. Faleceu a 15 de novembro de 1921, em Lisboa. O seu espólio encontra-se na Biblioteca Universitária João Paulo II, na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa.

Bibliografia do autor

1892. Autoplastia: transformação do homem em animal, estiolamento e atrophia humana, casos de teratologia. Lisboa: Sociedade de Geografia/Imprensa Nacional.
1892. O Homem como Medicamento: superstições medicas e religiosas que victimam o homem, affinidade d’estas crenças com as crises anti-europeias de 1891. Nota destinada à X Sessão do Congresso Internacional dos Orientalistas. Lisboa: Sociedade de Geografia/Imprensa Nacional.

 

CS e DDB
última atualização em novembro de 2018