Congressos
1873 | I | Paris | 1874 | II | Londres | |
1876 | III | S. Petersburgo | 1878 | IV | Florença | |
1881 | V | Berlim | 1883 | VI | Leiden | |
1886 | VII | Viena | 1889 | VIII | Estocolmo/Cristiania | |
1891 | IX | Londres | 1892 | IX | Londres | |
1892 | X | Lisboa | 1894 | X | Genebra | |
1897 | XI | Paris | 1899 | XII | Roma | |
1902 | XIII | Hamburgo | 1905 | XIV | Argel | |
1908 | XV | Copenhaga | 1912 | XVI | Atenas | |
1928 | XVII | Oxford | 1931 | XVIII | Leiden | |
1935 | XIX | Roma | 1938 | XX | Bruxelas | |
1948 | XXI | Paris | 1951 | XXII | Istambul | |
1954 | XXIII | Cambridge | 1957 | XXIV | Munique | |
1960 | XXV | Moscovo | 1964 | XXVI | Nova Deli | |
1967 | XXVII | Ann Arbor | 1971 | XXVIII | Camberra | |
1973 | XXIX | Paris |
Os Congressos Internacionais de Orientalistas decorreram de 1873 a 1973 em cidades sobretudo europeias. Realizaram-se oficialmente 30 encontros, reunindo investigadores de vários continentes, com vista a debater os estudos orientais praticados sobretudo na Europa e também nos Estados Unidos da América.
O primeiro congresso, fundado em 1873 pelo japonólogo francês Léon de Rosny (1837-1914), estabeleceu os estatutos (“Os Estatutos de Paris”) que regeriam os congressos subsequentes. É sobretudo do VIII Congresso, em Estocolmo/Cristiania (1889), que sobressaem divergências quanto aos estatutos, tendo esta sessão terminado sem se determinar a cidade em que o congresso seguinte teria lugar.
Quando em 1891 e 1892 têm lugar dois congressos internacionais de orientalistas em Londres, já a comunidade orientalista europeia se encontrava dividida quanto à autoridade dos estatutos e, muito particularmente, ao tipo de público visado nos congressos, opondo-se sobretudo orientalistas franceses a orientalistas alemães. A fação alemã, apologista de um elitismo científico, propunha alienar os orientalistas que não fossem académicos ou especialistas em estudos orientais, deixando de fora amadores e profissionais (por exemplo, intérpretes ou diplomatas) sem uma carreira universitária.
Ambos os congressos de Londres se reivindicaram como IX Congresso. O congresso de 1891, organizado sob a iniciativa de G. W. Leitner (1840-1899), acabaria por ser designado como o congresso estatutário. O congresso de 1892, organizado sob a iniciativa de Max Müller (1823-1900), à revelia dos estatutos, angariou mais adeptos e foi oficialmente reconhecido como o IX Congresso Internacional de Orientalistas. A preparação deste último foi concorrente à da décima sessão estatutária, programada para Lisboa mas que nunca chegaria a acontecer.
Na sequência do encontro de 1891, a direção da Sociedade de Geografia de Lisboa foi convidada a acolher a décima sessão por G. W. Leitner, secretário e delegado da junta de permanência dos congressos, e começou a organizá-la em conformidade com os Estatutos de Paris. O X Congresso Internacional de Orientalistas, agendado para Lisboa entre 23 de setembro e 1 de outubro de 1892, sob a presidência régia de D. Carlos I, foi desconvocado de véspera sob o pretexto de precauções sanitárias. O período de interregno e divergência entre 1889 e 1894, ano em que tem lugar o congresso de Genebra, que reporia a ordem na numeração das sessões na qualidade de X Congresso, ficaria conhecido na literatura como o Cisma dos Orientalistas.
Apesar de o Congresso de Lisboa não ter tido lugar, a maioria dos textos preparados para essa sessão foi publicada sobretudo com a chancela da Sociedade de Geografia de Lisboa. Este congresso merece especial destaque não apenas por ser exemplo único de um congresso cancelado num período longo de 1873 a 1973, mas também por esse cancelamento ser uma consequência do cisma orientalista – a reação praticamente nula da imprensa portuguesa a esse cancelamento não pode deixar de ser ponderada como uma anuência tácita a uma política científica que se estaria a definir nos principais centros produtores de saber orientalista, nomeadamente em França, Inglaterra e Alemanha, alheios aos interesses portugueses – e por Lisboa não voltar, entre 1892 e 1973, a ser proposta como espaço de acolhimento para este tipo de evento e de debate científico.