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Textos e Contextos
do Orientalismo Português

George Mark Moraes (Goa, 1905 – [s.l.], 1994)

George Mark Moraes
© J. Clement Vaz. 1997. George M. Moraes. In Profiles of Eminent Goans: Past and Present. New Delhi: Concept Publishing Company, 126.
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Historiador e arqueólogo cristão, George Mark Moraes nasceu em Cuncolim (Salcete), Goa. Além da sua língua materna (Concani), dominava o Inglês, o seu idioma preferencial de publicação. Tinha também conhecimentos de Português, cuja aprendizagem iniciou em 1939, com o objetivo de estudar a história dos Portugueses na Índia. Citava amiúde fontes portuguesas nos seus trabalhos, traduzindo-as para Inglês.

Iniciou a sua formação no St. Xavier’s College em Bombaim, onde foi discípulo do reverendo Fr. Henry Heras (1888-1955) e onde chegou, mais tarde, a lecionar História, entre 1931 e 1954. Em 1929 defendeu uma tese sobre a história da dinastia dos reis Kadambas de Goa para obtenção do grau de mestre na Universidade de Bombaim, sendo distinguido com a Chancellor’s Medal daquela universidade. Doutorou-se em 1953, com distinção, pela Faculdade de História da Universidade de Roma, com a tese Os Maratas e os Portugueses. História política e diplomática da Índia ocidental (1650-1739), e em 1954 pela Universidade de Estrasburgo. A investigação conducente a estes graus terá sido realizada não apenas em arquivos na Índia, mas também no Museu Britânico, na Biblioteca Nacional de França, nos arquivos arqueológicos de Bona e Lovaina assim como, a convite do Instituto Italiano del Medio e Estremo Oriente, em arquivos italianos, nomeadamente na biblioteca Vittorio Emanuele, nos arquivos do Vaticano e nos arquivos da Propaganda Fide, onde lhe terá sido atribuído o diploma em Arquivística.

Na Universidade de Bombaim, foi professor e diretor do departamento de História no Gujarat College, entre 1954 e 1957, altura em que passou a mestre superior em História e Arqueologia, posição que ocupou até 1970. Entretanto, foi também vice-reitor no Elphinstone College entre 1957 e 1964. Em 1970 mudou-se para Pangim para assumir a posição de professor no Centro de Instrução de Pós-Graduação e Pesquisa, que exerceu até 1972. Desde 1945 que era membro do Indian History Congress, tendo ocupado o cargo de secretário-geral entre 1958 e 1960, de presidente geral em 1968 e vice-presidente entre 1969 e 1970. Foi diretor do Konkan Institute of Arts and Sciences, pelo menos em 1952, e foi, pelo menos a partir de 1972, sócio efetivo do Instituto Menezes de Bragança, em Goa – antigo Instituto Vasco da Gama.

George Mark Moraes tornou-se membro do Bombay Branch da Royal Asiatic Society em 1946, associação renomeada Asiatic Society of Bombay em 1954, da qual também fora membro e vice-presidente José Gerson da Cunha. Entre 1948 e 1952 foi secretário honorário; entre 1958 e 1967 foi vice-presidente e editor do periódico Jounal of the Asiatic Society of Bombay, organizando naquele último ano um volume em homenagem a Gerson da Cunha. Foi como membro desta prestigiante sociedade que, em 1964, participou no XXVI Congresso Internacional de Orientalistas em Nova Deli, no qual inscreveu a comunicação “Western Indian as Described in the Roteiro of Dom Joas [sic] de Castro, A.D. 1538-39”. O texto deste trabalho, versando a representação dos indianos num documento seiscentista português, não chegou a ser publicado. Neste congresso não há registo de participação portuguesa.

Apesar de ter sido bastante ativo em contexto anglo-saxónico, manteve contacto, ainda que de natureza tendencialmente passiva ou textual, com a historiografia portuguesa praticada por orientalistas portugueses e goeses. Foi conhecedor da bibliografia produzida sobre Goa e sobre a história da presença portuguesa nesse espaço: no volume A History of Christianity in India, que publicou em 1964 e dedicou ao filho Conon, entretanto falecido, revela familiaridade com a obra de António da Silva Rego e Constâncio Roque da Costa. Os trabalhos de autores como o padre Manuel José Gabriel de Saldanha ou o Conde de Ficalho são também revisitados.

No artigo “What I Owe to Instituto Vasco da Gama”, publicado no Boletim do Instituto Menezes de Bragança em 1972, refere-se ao trabalho de Panduronga S. S. Pissurlencar (1894-1969), historiador das relações entre os Portugueses e os Maratas, que cita frequentemente nos seus estudos, que por diversas vezes auxiliou Charles Boxer nas suas pesquisas e que estaria a colaborar, através do Arquivo Histórico do Estado da Índia, com António de Silva Rego e a sua Filmoteca Ultramarina Portuguesa. Para além do seu predecessor Gerson da Cunha, menciona também Constâncio Roque da Costa que eleva a “membro distinto” do Instituto Vasco da Gama e recupera Joaquim Heliodoro da Cunha Rivara, que cita sobretudo pelos seus trabalhos Arquivo Portuguez Oriental (1857-1877), Ensaio Historico da Lingua Concani (1858) e A Conjuração de 1787 (1875).

 

Obras selecionadas do autor

1942. The Causes of the Maratha-Portuguese War (1683-84), according to Portuguese, English and French Records. In Proceedings of the 18th Session of the India Historical Commission. New Delhi: Government of India Press, 68-75. Disponível em https://archive.org/details/in.ernet.dli.2015.281556.
1945. A Forgotten Chapter from the History of the Konkan. In Bhārata-Kaumudi: Studies in Indology in Honour of Dr Radha Kumud Mookerji. Ed. N.K. Sidhanta, B.C. Law, C.D. Chaterjee e V.S. Agrawala. Allahabad: The India Press, 441-475. Disponível em https://archive.org/details/in.ernet.dli.2015.48555
1945. Bibliography of Indological Studies for 1942. Bombay: The Examiner Press.
1947. Glimpses into the History and Culture of Goa. In Souvenir of the Grand Goa Exhibition. Bombay: [s.n.], 7-28.
1964. A History of Christianity in India: From Early Times to St. Francis Xavier: A.D.52-1542. Bombay: Manaktalas.
1967. Dr. José Gerson da Cunha 1844-1900: Historian of Bombay. Sep. Journal of the Asiatic Society of Bombay 39-40. Bombay: [s.n.].
1985. Contribution of Cunha Rivara to Indian Historiography. In Actas do II Seminário Internacional de História Indo-Portuguesa. Lisboa: Instituto de Investigação Científica e Tropical, 651-669.
1972. What I Owe to the Instituto Vasco da Gama. Boletim do Instituto Menezes Bragança 98: 89-94.
 
CS e MPP
última atualização em março de 2019