Francisco Adolfo Coelho (Coimbra, 1847 – Carcavelos, 1919)
Francisco Adolfo Coelho, natural de Coimbra, matriculou-se em 1862 no curso de Matemática na Universidade de Coimbra. Terá sido nos bancos de Coimbra que travou amizade com Guilherme de Vasconcelos Abreu. No entanto, em 1864, ano em que Vasconcelos Abreu se formou bacharel, abandonou os estudos universitários, tornando-se um autodidata. A convite do seu irmão José Eduardo Coelho mudou-se para Lisboa e, em outubro de 1869, matriculou-se no Curso Superior de Letras.
Após a publicação de diversas obras e artigos, Antero de Quental e Jaime Batalha Reis convidaram-no a participar nas Conferências do Casino, onde apresentou, a 19 de junho de 1871, a V Conferência, O Ensino, publicada no ano seguinte sob o título A Questão do Ensino. Alguns dias após a sua participação foi, contudo, decretado o encerramento das Conferência Democráticas, o que o levará a unir-se em protesto a vários outros intelectuais, nomeadamente Antero de Quental, Jaime Batalha Reis, Salomão Saragga e Eça de Queirós.
Em 1878, com 31 anos de idade, apresentando apenas como habilitação a frequência do ensino superior – que, todavia, ficara por concluir –, foi nomeado para o corpo docente do Curso Superior de Letras, ao qual esteve ligado durante 34 anos. Entre 1878 e 1879 foi secretário do Curso, sendo diretor do mesmo entre 1879 e 1881. Em 1911, o Curso Superior de Letras passou a Faculdade de Letras de Lisboa, sendo Adolfo Coelho integrado no quadro docente na qualidade de professor catedrático. É de salientar que foi ainda docente na Escola Normal Superior de Letras, instituição anexa à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, com o propósito de preparar docentes para o magistério dos institutos de ensino. Em 1887, recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade de Göttingen (Alemanha), que o consagrou como filólogo, investigador e professor.
Em 1878, foi convidado a participar no IV Congresso Internacional de Orientalistas na cidade de Florença, pelo próprio secretário do congresso, o conde Angelo De Gubernatis (1840-1913), professor de Sânscrito. No entanto, recusou o convite de preencher o cargo de delegado (nacional) do congresso por não se considerar à altura. Mais tarde, Adolfo Coelho terá preparado três trabalhos na área da linguística comparada e etnolinguística, nomeadamente Os Ciganos de Portugal: com um estudo sobre o calão, As Linguas Mixtas e A Transmissão das Tradições Populares, em memória do décimo Congresso Internacional de Orientalistas, que iria realizar-se na cidade de Lisboa no ano de 1892. Neste evento, que não chegou a acontecer, tinha ainda o cargo de secretário do comité executivo.
A sua produção intelectual escrita inclui diversas obras sobre romanística, etnolinguística e métodos de ensino. Foi sócio da Sociedade de Geografia de Lisboa (de que chegou a ser diretor geral em 1894 e 1895) e do Instituto de Coimbra, tendo colaborado ao longo de toda a vida em diversos periódicos.
Ver Dicionário de Historiadores Portugueses,
http://dichp.bnportugal.gov.pt/historiadores/historiadores_coelho.htm
& http://cvc.instituto-camoes.pt/hlp/biografias/acoelho.html
Bibliografia selecionada do autor
1872. A Questão do Ensino. Porto: [s.n.].
1881. Os Dialectos Romanicos ou Neo-Latinos na Africa, Asia e America. Sep. Boletim da Sociedade de Geographia de Lisboa 3 (1880), 2.ª série. Lisboa: Sociedade de Geografia de Lisboa.
1886. Vestigios das Antigas Linguas da Peninsula Iberica. Porto: Tipografia de A. J. da Silva Teixeira.
1892. Os Ciganos de Portugal: com um estudo sobre o calão. Lisboa: Imprensa Nacional.
1896. Portugal e Ilhas Adjacentes: exposição ethnografica portugueza. Quarto Centenário do Descobrimento da Índia. Lisboa: Imprensa Nacional.
1900. Le Cours supérieur de lettres. Exposition universelle de 1900. Section portugaise. Paris: Aillaud.
1901. Estudos sobre a Influencia Ethnica na Transformação das Linguas: differenças phoneticas das linguas e differenças anatómicas dos órgãos da falla. Coimbra: Imprensa da Universidade.
1910. Alexandre Herculano e o Ensino Publico. Lisboa: J.A. Rodrigues & Ca.
última atualização em março de 2019 (por MPP)