Instituto de Coimbra (1852-1986)
Sócio | Ano de admissão | Categoria | Cargos exercidos nas classes |
António dos Santos Viegas | 1859 | efetivo |
Classe de Ciências Físico-Matemáticas:
comissão de Ciências Físicas (1859, 1860); comissão de redação (1860); vice-secretário (1861); comissão de Ciências Histórico-Físicas (1863, 1883); vice-diretor (1873); diretor (1875) Classe de Literatura, Belas Letras e Artes: comissão da secção de Belas-Artes (1860) |
1885-1886 | presidente | ||
08-02-1890 | honorário | ||
Cândido Figueiredo | 1871 | efetivo | Classe de Literatura, Belas Letras e Artes: vice-secretário (1873) |
Luciano Cordeiro | 1874 | correspondente nacional | |
Joaquim Heliodoro da Cunha Rivara | 1879 | honorário | |
Guilheme de Vasconcelos Abreu | 1883 | correspondente nacional | |
Gerson da Cunha | 1884 | correspondente | |
Francisco Meireles do Canto e Castro | 1887 | correspondente nacional | |
José Maria Rodrigues | 1889 | efetivo |
Classe de Ciências Morais e Sociais:
comissão da secção de Ciências Morais (1891); secretário (1892); comissão de redação (1895) Classe de Literatura, Belas Letras e Artes:
comissão de redação (1893); diretor (1895) |
Francisco de Assis Clemente | 1890 | correspondente nacional | |
Joaquim Mendes dos Remédios | 1892 | efetivo |
Classe de Ciências Morais e Sociais:
comissão da secção de Ciências Morais (1895) Classe de Literatura, Belas Letras e Artes: secretário (1895); comissão de redação (1895) |
José Leite de Vasconcelos |
1896 |
correspondente nacional | |
1924 |
honorário | ||
Sebastião Rodolfo Dalgado | 1898 | correspondente nacional | |
Gonçalves Viana | 1898 | correspondente nacional | |
Francisco Adolfo Coelho |
1899 | honorário | |
Francisco Maria Esteves Pereira | 1901 | correspondente nacional | |
Jerónimo da Câmara Manuel | 28-02-1903 | correspondente nacional | |
José Benoliel | 1903 | correspondente nacional | |
Moses Bensabat Amzalak | 1925 | correspondente nacional | |
António de Almeida | 1937 | correspondente nacional |
O Instituto de Coimbra foi uma academia científica e literária, fundada em 1852 e com atividade documentada até 1986, que, durante o período em que esteve ativa, desempenhou um papel importante na dinamização da vida intelectual portuguesa.
De acordo com os seus estatutos de 1859, os primeiros a merecer ratificação governamental por decreto de 26 de dezembro daquele ano e por carta régia de D. Pedro V de 30 de abril de 1860, o Instituto tinha como finalidade promover a “cultura das ciências, belas letras e artes” por via “do estudo e da discussão de pontos científicos, literários e artísticos”, da “publicação de um jornal literário” (que veio a ter o mesmo nome da academia) e, finalmente, do “estabelecimento de uma biblioteca e gabinete de leitura”. Os estatutos mais recentes, ratificados em 1967, davam conta de que o Instituto tinha como fim “o desenvolvimento das ciências, das letras e das artes e designadamente a valorização da cultura portuguesa”.
Ao longo da sua existência, funcionou em vários pontos da Universidade de Coimbra, com a qual mantinha uma estreita ligação, tendo a sua última sede, entre 1948 e 2005, na Rua da Ilha, próximo do Palácio dos Grilos. O seu espólio foi transferido para a Universidade em 2006.
Muitos dos participantes portugueses nos Congressos Internacionais de Orientalistas (CIO) (ver tabela acima) foram membros desta academia. Entre 1885 e 1886, o Instituto foi inclusive presidido por António dos Santos Viegas, lente da Faculdade de Filosofia de Coimbra, que se associou pouco depois ao IX CIO (Londres, 1891) e ao X CIO (Lisboa, 1892), ao subscrever a qualidade científica dos eventos.
Embora não surgindo como membro institucional daqueles eventos, ao contrário da Academia das Ciências ou da Sociedade de Geografia de Lisboa, o Instituto mantinha redes de contacto e intercâmbio com personalidades e outras sociedades científicas, tanto nacionais como estrangeiras, ligados aos estudos orientais, para além de promover conferências temáticas neste âmbito e de publicar muitos dos trabalhos que contribuíram para o desenvolvimento da orientalística em Portugal, nomeadamente no seu periódico O Instituto. Foi, também, ativo na organização de eventos comemorativos subordinados à temática do Oriente: foi, por exemplo, a primeira instituição a celebrar o IV Centenário do Descobrimento do Caminho Marítimo para a Índia, em 1898, e esteve incumbido dos trabalhos relativos à celebração do IV Centenário da Morte de Fernão de Magalhães, em 1921.
Grande parte dos sócios do Instituto de Coimbra provinha diretamente dos bancos da Universidade de Coimbra. Tal como nas suas instituições congéneres, a admissão de sócios ao Instituto estava, entre outros critérios, pendente de prova de mérito científico do candidato. Neste caso, aferia-se o mérito através da submissão de um texto original, a ser publicado mediante aprovação. Com os estatutos de 1859, os critérios de admissão foram flexibilizados, mantendo-se, porém, a exigência de prova de mérito científico.
Durante a sua atividade, as categorias de sócios mantiveram-se semelhantes às que foram inicialmente definidas em 1852: sócios efetivos, correspondentes e honorários. A distinção entre sócios efetivos e correspondentes era determinada principalmente pelo critério de local de residência, sendo efetivos os sócios que residiam em Coimbra. Em 1938, este requisito foi suprimido e criou-se uma diferenciação hierárquica entre sócio correspondente e efetivo, tornando-se o primeiro um patamar inicial (ou período experimental) antes de se garantir um vínculo mais estável, como sucedia já, por exemplo, no caso da Academia das Ciências.
A partir de 1860, a categoria de sócio correspondente passou a dividir-se em correspondente nacional e correspondente estrangeiro. Esta divisão permitiu ao Instituto o estabelecimento de relações com académicos e instituições de outros países, incluindo especialistas dedicados aos estudos orientais, tais como Émile Guimet (1836-1918), colecionador de obras de arte admitido em 1881, o indianista Paul Regnaud (1838-1910) em 1901, o arqueólogo Marcel Homet (1897-1982) e D. Gonzalo Gregori Peiró, arabista, chefe do gabinete dos Assuntos Marroquinos do Ministério do Exército espanhol, admitidos ambos em 1939, o historiador Albert Kammerer (1875-1951) em 1942, Enrico Gerardo Carpani (1912-1963) em 1945, o padre Pierre David (1882-1956) em 1946, que chegou inclusive a lecionar na Universidade de Coimbra em 1941, ou do japonólogo Leo Magnino (1911-1996) em 1954. Em 1921 foi criada a categoria de sócio benemérito, denunciando assim as dificuldades financeiras que a academia estaria a atravessar (Ferreira 2012a).
Desde a sua fundação que o Instituto se organizou cientificamente em três classes, decalcadas do exemplo do Institut de France, a saber: 1.ª – Ciências Morais e Sociais; 2.ª – Ciências Físico-Matemáticas; e 3.ª – Literatura, Belas Letras e Artes. A maioria dos participantes portugueses nos CIO estava associada às 1.ª e 3.ª classes. Em 1860, as classes foram subdivididas em três secções cada uma: as de Ciências Morais, Jurisprudência e Ciências Económicas na 1.ª Classe; na 2.ª Classe, surgiram as secções de Ciências Matemáticas, Ciências Histórico-Físicas e Medicina; e, finalmente, na 3.ª Classe, as secções de Literatura, Literatura Dramática e Belas Artes. Em 1967 atualizou-se a organização das classes, agregando-se todas as Ciências na 1.ª Classe, as Letras na 2.ª e as Artes na 3.ª. É de sublinhar, em 1873, a criação da secção de Arqueologia, anexa à 3.ª Classe, no âmbito da qual se criou o Museu de Arqueologia que disputou a obtenção dos capitéis do Mosteiro de Celas (Coimbra) com a Associação dos Arquitetos Civis e Arqueólogos Portugueses, criada em 1863, em Lisboa, e dirigida por Joaquim Possidónio Narciso da Silva.
De entre as conferências que o Instituto promoveu versando temáticas ligadas aos estudos orientais e, mais tarde, sob o chavão de estudos coloniais, são várias as que merecem ser destacadas. Por exemplo, em 1873, Cândido de Figueiredo apresentou uma conferência intitulada “A penalidade na India e o Codigo de Manú”, cujo texto publicou na revista do Instituto (1873, vol. 17, n.º 5, 216-228) e que, revisto, submeteu, quase vinte anos depois, para nova publicação sob os auspícios do X Congresso Internacional de Orientalistas (1892). Entre outros exemplos de palestras incluem-se as de Augusto Rocha (1849-1901), em 1879, sob o título “A medicina e os árabes”; em 1924, “A mentalidade colonial dos portugueses” por José Norton de Matos (1867-1955); em 1926, a palestra “Os portugueses em Ceilão” de Paulus Edward Poeris Deraniyagala (1900-1976), que viria a ser, em 1952, presidente do Ceylon Branch da Royal Asiatic Society; em 1938, por Maria Josefina de Vasconcelos Abreu Andersen (1877-1965), filha de Guilherme de Vasconcelos Abreu, “A música no Egipto no tempo dos faraós”; em 1946, por Augusto Mendes Correia (1888-1960), nome notório da antropologia colonial portuguesa, “Etnografia da Guiné Portuguesa” ou, em 1949, pela escritora Amália de Proença Norte (1910-[?]), “Altas figuras do Império – descobertas e explorações – Reis do Congo, vassalos de Portugal – Pedro Batista, Silva Porto, Serpa Pinto, Capelo e Ivens – Conferência de Berlim – Mapa cor-de-rosa – Campanhas para a ocupação efectiva de Angola e Moçambique – Exaltação da Raça”.
O periódico O Instituto foi criado em simultâneo com a academia, tendo sido previsto logo nos seus primeiros estatutos de 1852 e funcionando com regulamento próprio a partir de 1861. A sua impressão contou com o subsídio do governo português, que a partir de 1853, por portaria de 5 de setembro, a custeou na tipografia da Universidade de Coimbra. Após a extinção da Imprensa da Universidade, em 1934, foi-lhe concedido um subsídio através da Junta de Educação Nacional. O seu último volume (140/141) é datado de 1981, concretizando quase 130 anos de publicação consecutiva, divididos em quatro séries: a primeira, entre 1852 e 1873 (volumes 1-16), a segunda entre 1873 e 1892 (volumes 17-39), a terceira entre 1892 e 1924 (volumes 40-71) e a última entre 1925 e 1981 (volumes 72-141).
Inicialmente concebida como um jornal científico e literário, esta publicação foi-se gradualmente aproximando de uma revista científica, alterando formalmente a sua denominação para revista científica e literária aquando da reforma dos estatutos de 1938. O seu conteúdo era fomentado maioritariamente por trabalhos de sócios da instituição, das três classes, para além de incluir notícias relativas à Universidade de Coimbra, assim como outras notícias científicas e literárias consideradas relevantes. Desta forma, e de acordo com Licínia Ferreira (2012a), O Instituto colmatou, até ao início do século XX, a falta de jornais e revistas na região e consagrou-se, também, como um elemento diferenciador e prestigiante em relação a outras academias que não beneficiavam de uma publicação periódica geral, como a Academia das Ciências.
Neste periódico deram-se a conhecer diversos trabalhos dos participantes portugueses nos CIO, ora marcando o início dos seus percursos científicos ora reforçando a autoridade entretanto alcançada numa determinada especialidade. Publicaram-se trabalhos sobretudo no âmbito dos estudos sânscritos e védicos, dos estudos hebraicos e dos estudos etiópicos e, mais tarde, dos aglutinadores estudos coloniais. No primeiro campo, destacam-se os nomes já mencionados de Cândido de Figueiredo (com publicações entre 1872 e 1901) e Guilherme de Vasconcelos Abreu (com publicações entre 1871 e 1896), no segundo, os de Joaquim Mendes dos Remédios (com publicações entre 1892 e 1895) e José Maria Rodrigues (com publicações entre 1934 e 1935), no terceiro, o de Francisco Esteves Pereira (com publicações entre 1901 e 1911) e no quarto António de Almeida (com publicações entre 1941 e 1942). José Maria Rodrigues sobressai principalmente pela sua contribuição para os estudos camonianos, que veio a institucionalizar na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Encontram-se também outros trabalhos especializados, de natureza linguística e bibliográfica, como os “Subsidios para a bibliographia portugueza relativa ao estudo da lingua do Japão”, por Gonçalves Viana, em 1905 (vol. 52, n.os 2, 5, 7-8), ou o estudo de Santana Rodrigues sobre o Concani, em 1929 (vol. 78, n.º 5, 561-572).
O impacto além-fronteiras dos trabalhos publicados neste periódico nacional não pode, todavia, ser menosprezado. Atente-se no exemplo de Cândido de Figueiredo. Os textos que ele aí publicou, era ainda um jovem estudante na Universidade de Coimbra, em 1873, foram enviados pelo próprio Instituto ao japonólogo francês Léon de Rosny (1837-1914), criador do Congresso Internacional de Orientalistas (precisamente nesse ano de 1873) e cofundador da Sociedade Etnográfica de Paris (em 1859). Foi Rosny quem deu a conhecer o seu trabalho junto de Possidónio Narciso da Silva, o primeiro delegado português no primeiro CIO, que logo o convidou a participar nas redes nacionais de discussão em torno dos estudos orientais e a integrar a efémera Associação Promotora do Desenvolvimento dos Estudos Orientais e Glóticos em Portugal.
Muitos dos trabalhos saídos no periódico foram posteriormente publicados em separata pela Imprensa da Universidade de Coimbra, como sucedeu com a tradução portuguesa do episódio “Morte de Yaginadatta” do épico indiano Rāmāyana, por Cândido de Figueiredo, inscrita na coleção “Litteratura da India” e de que esta foi, na verdade, o único exemplar, ou com “O Naufrago. Conto egypcio. Estudo”, em 1901 (vol. 48, 72-143), de Esteves Pereira, publicado em separata no mesmo ano. A Imprensa da Universidade de Coimbra desempenhou, também, um papel de relevo na impressão de trabalhos preparados no âmbito das comemorações dos centenários de Ceuta e de Afonso de Albuquerque em 1915, em colaboração com a Academia das Ciências. Foram impressos mais de uma dezena de títulos, incluindo trabalhos de David Lopes, Francisco Esteves Pereira e José Maria Rodrigues.
Além de trabalhos científicos, publicavam-se também elogios, que evidenciam as ligações académicas entre os sócios do Instituto e outros académicos orientalistas, como é o caso do “Elogio historico de Joaquim Heliodoro da Cinha Rivara”, em 1879 (vol. 26, 595-604), por Augusto Filipe Simões (1885-1894), ou, entre 1905 e 1906, da referência do historiador Francisco Sousa Viterbo (1845-1910), entre outros, a David de Melo Lopes, no artigo “Noticia de alguns arabistas e interpretes de linguas africanas e orientaes” (vols. 52 e 53). Também os relatórios de viagens científicas tinham espaço neste tipo de publicação. Veja-se o exemplo do naturalista Friedrich Welwitsch (1806-1872), comissionado pelo governo português a realizar uma “Uma viagem scientifica em Angola” em 1865 (vol. 12, n.º 4, 82-84).
Outra faceta do Instituto de Coimbra foi a de organizar volumes comemorativos decorrentes de celebrações centenárias, como sucedeu no caso do número comemorativo do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique, em 1961. O artigo de Vasconcelos Abreu “A fenomenalidade, a alma, e o eu, no budismo”, publicado no volume 42 (193-194, 395-408) da sua revista, em 1895, inseriu-se nas comemorações do IV Centenário do Descobrimento do Caminho Marítimo para a Índia (1898). O Instituto promoveu, aliás, um ciclo de conferências, com a colaboração de Vasconcelos Abreu, à altura professor no Curso Superior de Letras, que se encarregou da seleção dos temas a tratar. Aquela publicação correspondeu à primeira conferência, que decorreu a 23 de março de 1895, estando previstas outras duas sobre Alexandre Magno, em 1896, e sobre Akbar, o Grande, em 1897, sem nos ter sido possível confirmar se chegaram a acontecer. Houve também lugar à publicação de outros trabalhos no periódico, nomeadamente de Sousa Viterbo, que representou o Instituto nas comemorações em 1898, e de Manuel da Silva Gaio (1860-1934). É precisamente em 1898 que são admitidos a sócios do Instituto Sebastião Dalgado e Gonçalves Viana, o que poderá ter sucedido na sequência da colaboração com a Sociedade de Geografia de Lisboa no âmbito dessas comemorações.
Anteriormente, o Instituto tinha estado entre as instituições envolvidas na celebração do tricentenário de Camões, em 1880, o primeiro centenário festejado a nível nacional. Em 1910, voltaria a estar envolvido na celebração de uma outra figura das letras portuguesas, o centenário do nascimento de Alexandre Herculano (1810-1877), assinalado com uma conferência. Dez anos mais tarde, em 1920, foi encarregado pelo governo da comemoração do IV Centenário da Morte de Fernão de Magalhães (1921), contando, para isso, com o apoio da Academia das Ciências e da Sociedade de Geografia.
Em 1935, o Instituto participou nas comemorações do III Centenário da Academia Francesa, onde também esteve representada a Academia das Ciências, por Moisés Amzalak. Entre 1951 e 1953 celebrou o seu próprio centenário, recebendo saudações das suas congéneres em Lisboa, a Academia das Ciências e a Sociedade de Geografia, e em 1955 fez parte, por via do seu presidente de então, Diogo Pacheco de Amorim (1888-1976), da delegação de Coimbra para a comemoração do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique (1960), iniciativa protagonizada pela Academia de História, que contou, mais uma vez, com a colaboração simultânea da Academia das Ciências e da Sociedade de Geografia. No âmbito desta comemoração, o Instituto organizou uma sessão solene, em Coimbra, no dia 12 de maio de 1960, com uma palestra de Armando Cortesão (1861-1977) intitulada “Do ambiente científico em que se iniciaram os descobrimentos portugueses” e, como já foi referido acima, em 1961 publicou um número especial da revista.
Além das comemorações centenárias, o Instituto colaborou frequentemente com a Sociedade de Geografia, cuja criação saudou em 1876, e aderiu ao manifesto patriótico daquela sociedade contra o Ultimato Inglês de 1890. A convite da Sociedade de Geografia, esteve presente no Primeiro Congresso Colonial de 1901 e em 1925 aderiu aos seus trabalhos da comissão de defesa das colónias. Também em 1876, recebera um pedido de cooperação da Comissão Permanente de Geografia, criada pela Ministério da Defesa e do Ultramar, ao qual respondeu disponibilizando-se, de acordo com o Livro de Atas da Direção, sessões de 8 e 25 de maio, 18 e 27 de novembro de 1876, a ceder espaço no jornal para divulgar as suas iniciativas e a “prestar-lhe todo o auxílio nas pesquisas histórico-geográficas” (citado em Ferreira 2012a, 194). A ação mecenática do Instituto de Coimbra foi mais longe; colaborou na criação da Sociedade de Antropologia em Coimbra, dirigindo a reunião preparatória dos seus sócios fundadores em 1897.
Esta academia coimbrã, nomeadamente por meio da sua revista, realizou permutas com mais de 200 instituições científicas nacionais e internacionais. Esta rede de intercâmbio bibliográfico foi, sem dúvida, crucial na exportação do trabalho científico produzido em Portugal, em que se integra a produção dos orientalistas portugueses. Dessas instituições, para além, naturalmente, da Academia das Ciências e da Sociedade de Geografia, destacamos, em território nacional, a Associação dos Engenheiros Civis Portugueses e a Agência Geral das Colónias e, fora do país, o Institut des hautes études marocaines de Paris, a Real Academia de la Historia e a Real Sociedad Geográfica de Madrid, o Institute for Historical Research, de Londres, a Universidade de Yale, a Academia Brasileira de Letras, o Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, a Institución hispano-cubana de cultura de Oriente, de Santiago de Cuba, a Sociedad Cientifica Argentina e o Instituto Vasco da Gama, em Goa, a que alguns dos intelectuais goeses sócios do Instituto estiveram também ligados.
Referências
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---. 2013. Instituto de Coimbra: projeto de investigação financiado pela FCT. In Instituto de Coimbra [blogue], http://institutodecoimbra.blogspot.com/.
---. [S.d.]. O Instituto: jornal scientifico e litterario. – Vol. 1 (1852/53) – vol. 140/141 (1981). Coimbra: Imprensa da Universidade. Disponível em http://webopac.sib.uc.pt/search~S17*por?/tinstituto/tinstituto/1,291,309,E/l856~b1594067&FF=tinstituto&1,1,,1,0.
BIBLIOTHÈQUE NATIONALE DE FRANCE. 2018. Pierre David (1882-1956). In Bibliothèque nationale de France [website], http://data.bnf.fr/12461998/pierre_david/.
FERREIRA, Licínia Rodrigues. 2012a. Instituto de Coimbra: o percurso de uma academia. Coimbra: [s.n.], http://hdl.handle.net/10316/21257.
---. 2012b. Sócios do Instituto de Coimbra: 1852-1978. Coimbra: [s.n.], http://hdl.handle.net/10316/21258.
---. 2011. O Instituto de Coimbra e a Universidade. Rua Larga 32: 17-19.
---. 2011. O papel das academias no desenvolvimento da ciência em Portugal: o caso do Instituto de Coimbra. In Congresso Luso-Brasileiro de História das Ciências: livro de actas. Coimbra: Universidade de Coimbra, 1274-1286.
INSTITUTO DE COIMBRA. 1877. Estatutos e Regulamento Interno. Coimbra: Imprensa da Universidade. Disponível em https://digitalis-dsp.uc.pt/institutocoimbra//UCBG-A-24-37a41_IC-1-3-6-23/UCBG-A-24-37a41_IC-1-3-6-23_item1/UCBG-A-24-37a41_IC-1-3-6-30.pdf.
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ROYAL ASIATIC SOCIETY OF SRI LANKA. [S.d.]. Past Presidents. In Royal Asiatic Society of Sri Lanka [website], http://www.royalasiaticsociety.lk/about-2/past-presidents/.
última atualização em outubro de 2018